domingo, 26 de outubro de 2008

A Linguagem de Corpos Multiculturais


Minhas Crôncas do Portal Gramame.com

Que corpo é esse que não cessa,

e mesmo quando morto existe?

Que vive e se perpetua nas dimensões espaço e tempo?

Que evolui, aperfeiçoa-se e transmuta-se?

Corpo que fala quando silencia...

E quando calado sentencia.

Que corpo é esse que camufla a própria imagem?

Que, simula, gesticula e que é linguagem?

Que corpo é esse que sensível capta tudo?

Corpo frágil que ao outro contamina

Que recria, reproduz e que inventa

Corpo que se movimenta,

deita e rola, faz e acontece...

corpo jovem que envelhece, que se rende à gravidade.

Esse corpo epicurista exaurido de prazer

e de sensibilidade.

Originário do africano.

E o corpo de Freud edipiano,

no corpo incestuoso de Jocasta

Cinematográfico corpo de Sofia.

Corpo da libidinagem,

e de Calígula `a sacanagem,

que ultrapassa as fronteiras da linguagem.

O corpo da cilada...

E o indelével corpo da criança estuprada.

O criminoso corpo de Lombrozzo

Deplorado corpo em assalto,

Corpo em combate...

no calor da trama do corpo rodrigueano

e o romantismo do corpo dramático,

shekspeareano

Corpos divinos de Dante e Beatriz

Demoníaco e sedutor corpo de Lilith

a mulher que Adão não quis

e o tão igual provocador: Leila Dinis

O corpo negro de Otelo,

corpo belo...

da gueixa amarela que sustenta seu amado

Dionisíaco corpo de Elis embriagado.

O corpo queimado de Galdino

Misterioso corpo de Carlinhos raptado.

Corpos de Chernobyl,

por herança deformados.

Que corpo é esse que perpetua a humanidade?

Corpo do bem?

Corpo da maldade?

Corpos detentos legitimados

Duros corpos da Lei iníqua

Corpos de arena.

“Ius primae noctis”

a Primeira noite da romana,

cedida à flor do corpo ao seu senhor

e o corpo enforcado de Judas, traidor.

Corpo paleolítico de Vênus Lespugue,

de um nu abrasador

E da bela Afrodite a deusa grega do amor.

Corpo de Camilo que preso à relação

libera à Ana Plácido

o seu amor de perdição

Corpos do adultério

Corpo da traição.

Corpos de Lesbos em sodomia

E o corpo de Onan em rebeldia.

A volúpia que adolesce

no Eros de Boticelli.

Cabeça sem corpo de presente a Salomé

E o corpo bovariano de Fleubeart

Corpos das virgens assassinadas,

e da pureza a essência retirada

e no perfume

de Patrick transformadas.

Corpos revolucionários de Yoko e John Lennon.

E corpos suicidas de Jim Jones, vaidosos e narcísicos,

que se envenenam.

Corpos crédulos dos ex-votos, prometidos e engessados

corpos fragmentados.

O Corpo Sacro de Vojtyla.

Objeto, sex-appeal.

Balzaquianos corpos que desnudam olhos de um tempo juvenil.

Casto corpo de convento

Corpo de cruz e sofrimento,

Sedento de fome... de miséria.

Corpo pobre na opulência

Decente corpo da luxúria;

da injúria

E o corpo vil da violência.

Dos picos corpos gelados

E no fundo do mar jazidos

Corpos de bruxas queimados

Corpo do Cristo ferido

Lutam p’ra se defender

do julgo imperioso

Da cúria do glorioso e implacável poder.

Corpos que subvertem

a ordem capitalista.

Semente da flor de Hiroxima

corpos do Vietnam

e de mulheres encobertas com a burca no Irã,

Impedidas do biquíni, da calcinha e do batom

e da renda delicada do bico do sutiã.

Corpos fundamentalistas

Corpos puros, arianos:

O protótipo do corpo endeusado

Corpos sem nomes, desvalidos

Corpos hitleristas experimentados,

Repelidos corpos de judeus assassinados

e corpos perfeitos selecionados.

Napoleônicos corpos decapitados

e capitalizados corpos explorados

O corpo do escravo

O escravo do corpo

Corpos coloridos da TV

E corpos de olhos que não vê

Que se toca e não se sente,

um corpo tetraplégico dormente,

no teórico britânico Stephen Hawking

a geniosa mente de Stanislaw

e um corpo enjaulado

na jurisprudência de Nicolau

O Sonoro corpo da arte de um Mozart

E a sinestesia do “Atleta” de Picasso

Corpo medido da Vinci,

corpo de régua e compasso.

Um corpo nômade é sedentário,

o corpo literário de Pessoa

no corpo cansado do ermitão.

E no Rio da Candelária corpos mortos sem razão.

O Corpo de Deus no niilismo

frutos da imaginação

Aterrorizados corpos das Torres

atirados do alto em chamas

soterrados corpos dos escombros,

Alienados e massificados,

prostituídos e socializados corpos na lama.

Corpos que de corpos vivem, canibais

e mesmo que mortos

a natureza mesquinha

deles não se desfaz.

Pós-modernos, midiáticos,

saudáveis corpos viris dos teen-eges.

E a decrepitude de corpos outrora desejáveis.

viciados corpos sociais

“Vitiis, nemo sine nascitur”

corpos multiculturais,

benditos e sa (g) rados corpos dos mortais!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Minhas Crôncas do Portal Gramame.com

18-08-08 às 10:08h

O Escólio

Anotações de encontros e de reuniões são como apêndices de livros, a gente quase nunca ler. Mas, revendo minha pasta do VI Congresso da SAPIENS de 2007, encontrei esse escólio, que escrevi durante a conferência do Professor Dr. Moacir Gadotti , no qual me arrisco a fazer algumas interpolações. O educador apela para uma educação com politicidade, pois acredita que se a sociedade vai bem no transporte, na saúde, na habitação, no emprego... a educação também irá bem. Longe de ser uma escoliasta, minha intenção aqui é divulgar aquilo que considero pertinente para o momento.



É interessante fazer uma releitura:



O mundo atual tem nos apresentado vários desafios e tudo é visto numa abordagem complexa. E preciso pensar numa educação inteirada à outros sistemas.

Precisamos mudar a forma de aprender e de construir conhecimentos e, na atualidade,

o conhecimento é pluralizado é não –linear.

Precisamos também desconstruir o paradigma do pensamento único e eliminar a dicotomia que fragmenta o conhecimento holístico, respeitar a pertinência e pensar na pluralidade de realidades e de razões.



Precisamos mudar a forma de fazer políticas públicas com olhares no século XXI, as políticas publicas dos séculos passados não nos servem mais.

Nossas escolas ainda adotam posturas do século XIX e isso é inaceitável.

Os jovens de hoje têm outras mentalidades, têm outras concepções do que seja um professor e do que sejam conhecimentos.



Precisamos encontrar formas de organizações que não excluam as pessoas mas que cuidem delas; “É preciso saber cuidar” disse Leonardo Boff. “ Vamos cuidar das pessoas” disse João Paulo, atual prefeito de Recife-PE.



Precisamos respeitar a diversidade porque a educação atual vem criando pessoas acéfalas, com valores estranhos à humanidade. Presenciamos acontecimentos que nos deixam boquiabertos, inconcebíveis de aceitá-los como ações de humanos...

Retrocedemos ao século XVIII onde os governantes mandavam enforcar e esquartejar criminosos e traidores, para servir de exemplo, hoje não precisamos mais cometer crimes para sermos decapitados, pois profissionais liberais que juraram salvar vidas e curar pessoas se encarregam dessa truculência, quando não, são adolescente irracionais. Ai, eu costumo dizer que a falta da educação doméstica favorece ao aparecimento de gerações de bárbaros.



Que tipo de sociedade, os governantes pensam para os jovens, em sua grande maioria sem ideais, sem perspectivas, sem esperança e sem sonhos?

Precisamos, portanto mudar a forma de educar e realizar a inclusão social concomitante a inclusão digital.



Precisamos entrar no bom combate à desigualdade de direitos e lutar pela equidade, respeitando as diferenças e não só pensarmos como também fazermos políticas afirmativas e eliminar as discriminações com negros , crianças, idosos, especiais...os marginalizados da sociedade



Tratar igual os desiguais é injusto é preciso respeitar os limites sem depreciar

Precisamos de ações que mudem o mundo opressor

Precisamos mudar os poderes que oprimem

Precisamos fazer uma “ucronia’

O neoliberalismo transformou o mundo num grande mercado onde tudo é medido

e nos reduziu a meros consumidores da produção globalizada;

Ignorou as instituições públicas, os partidos políticos, as associações e os sindicatos.

O neoliberalismo nega o sonho e a utopia, ou seja, não admite que vislumbremos um mundo diferente do estabelecido;

O neoliberalismo não nos admite pensar na ucronia que seria fazer o que ainda não se fez num mundo possível de se viver, fazer diferente com a educação, a saúde, o transporte, a habitação e com o povo.



Os políticos falam muito em mudança, parece até que o que nunca é suficiente ou nunca encontram a forma certa de administrar, mas até agora não justificaram objetivamente essa mudança.



É preciso mostrar o que está por traz da opressão

Precisamos formar cidadãos críticos e não meros reprodutores do sistema de dominação, como se fosse a melhor opção existente.

Precisamos desconstruir essa lógica do imutável, que sustenta a ideologia burguesa desde a acumulação primitiva do capital nos séculos XV e XVI.

Por isso precisamos mudar,

Mudar significa democratizar a educação de qualidade;

Democratizar o conhecimento informacional para que todas as crianças, jovens e adultos tenham acesso público e gratuito.

Mudar significa ainda garantir a formação continuada e em serviços, de professores, para que possam educar com novos olhares entrevendo a auto-sustentabilidade como uma saída para o futuro do cidadão do mundo.



Precisamos reinventar novas formas de poder, novas relações sociais.

Precisamos realizar mudanças e construir novos modelos: econômico- político- social e cultural, para a sobrevivência das categorias oprimidas, uma vez que as novas formas de empregos geram uma sociedade excludente.

Os paradigmas clássicos não têm soluções para os problemas atuais e não têm respostas para as perguntas do século XXI.

Construímos um modelo de civilização que não deu certo, por isso precisamos desconstruir os paradigmas que foram forjados pela sociedade clássica.



Precisamos “mudar o mundo “ disse o Educador Moacir Gadotti, , no VI Congresso da SAPIENS/2007 “não se muda o mundo sem mudar as pessoas”.



E “não é possível mudar o mundo sem tomar o poder.”

sábado, 9 de agosto de 2008

O Menestrel: A alonimia de Verônica

02-07-08 às 18:07h


Há pessoas que criam coisas para nos enganar e Verônica Shoffstall é uma delas. Quando iniciamos a organização da reunião com os diretores, das Escolas Municipais, de Pedras de Fogo-PB, selecionei um vídeo que recebi em uma capacitação do projeto: Formação pela Escola, do governo federal,em Recife no final de 2000.

Preocupada com o conteúdo que iríamos passar aos diretores, resolvi dar mais uma olhada no referido vídeo cujo nome é “O Menestrel.”(poeta medieval...).

Tentando aprofundar o conteúdo do texto fui realizar uma pesquisa sobre Shakespeare e descobri que, em 1971 essa escritora norte-americana escreveu (sic) um poema intitulado “Depois de um tempo,”segundo alguns estudiosos, falseando o texto original de Shakespeare: “Aflter A while.”

Descobri também que, depois de modificado, o referido texto foi usado por um ator chamado Moacir Reis, que valeu-se da alonimia de Verônica para fazer algumas apresentações e criar alguns vídeos.

A escritora não só deu um novo titulo ao texto como criou outra variante distante da realidade da época, atribuindo a sua autoria a William Shakespeare, porém com uma versão mais contemporânea que, de forma bombástica, serviu de propagação entre Internautas.

O falso texto que foi divulgado por vários sites e no You Tube , faz muito sucesso, inclusive quando usado em encontros educacionais,poucos são os que reconhecem a obra como um embuste, com o titulo de “ O Menestrel “ e apesar de ter sido criado pelo autor de Hamlet, Macbeth e Cleopatra., com outra roupagem, o falso texto traz uma filosofia aparente que ajuda a qualquer pessoa a refletir sobre os problemas cotidianos, numa linguagem bem peculiar ao século XXI.

O escrito, realmente, impressiona e o ator Moacir Reis o interpreta como um discurso político filosófico, revendo a personalidade do ser humano e sua mudança de concepção ao deparar-se com o amadurecimento, a partir das experiências vivenciadas no percurso da vida, onde devemos suportar qualquer verdade com resignação.

Não desmerecendo a intenção da autora do falso texto, mas evidenciando a riqueza do maior escritor de todos os tempos que reconhecidamente nos deixou um legado literário de repercussão histórica bastante apreciável.

Quando Harold Bloom escreveu “Sobre Shakespeare, la Invención de lo Humano” suas revelações sobre capacidade literária do autor de Hamlet são reveladoras de uma inteligência ímpar, disse ele:
__” Ningún autor del mundo compite con Shakespeare en la creación aparente de la personalidad, (...) Para catalogar os maiores presentes de Shakespeare é quase absurdo: Onde começar, onde terminar? Escreveu a melhor prosa e a melhor poesia em inglês, ou talvez em toda a língua ocidental. Isto é inseparável de sua força mental; pensou de uma maneira mais inclusiva e mais original do que nenhum outro escritor”.

A partir do estudo aprofundado de Harold pude concluir que a comparação do texto modificado para auto-ajuda à obra shakespereana, chega a ser um pouco burlesco.
Porém, considero positivo o uso da criptonimia para disseminar pensamentos que nos ajudarão no processo de formação de nossa consciência e que farão de nós seres mais humanos.

Mesmo com títulos supostamente falsos e com modificações acintosas, porem atuais e sendo “O menestrel,” “Depois de um tempo”, Aprender ou Aflter A while , vale a pena conferir:


"Um dia você aprende que... realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!"

domingo, 1 de junho de 2008

O Espetáculo continua...

10-05-08 às 12:05h
Minhas crônicas do Portal
www.gramame.com

O caso Isabela Nardoni reflete aquilo que em 1967 foi dito por Guy Debord sobre a sociedade do espetáculo. Espetaculariza-se tudo hoje em dia. Tudo é motivo de noticia até os mais íntimos segredos de um lar torna-se para o mundo achaque sensacional de uma grande manchete, onde cria-se oportunidades tira-se proveito, ou melhor, lucro do objeto posto em exposição.

Isabela é um, dentre milhares de crimes hediondos, ocorridos contra crianças, com uma diferença, esse crime não veio das camadas menos favorecidas, Isabela não é filha de proletários, mas ostenta a égide do brasão burguês. Digo isso porque concomitantemente a esse acontecimento, surge o caso de uma garota enterrada no quintal de sua casa, mas que ninguém deu muita importância. Isso vem ratificar o descaso aviltante que faz a Rede Globo, com os crimes contra as classes econômica e socialmente inferiores.

Mas, por que o caso Isabela está há dias, meses, diariamente na TV? A resposta nos remete a avaliação do que a ideologia positivista de Augusto Conte nos induz: a manutenção da ordem burguesa. É evidente, que fora dessa ordem, devem ser punidos os que ousam afrontá-la. A burguesia tem seu status que não deve ser corrompido. É só nos reportar ao assassinato de Tim Lopes em 2002, jornalista da Rede Globo, que foi esquartejado e queimado, no morro do Alemão no Rio de Janeiro, em pleno exercício da profissão.

Esse é um fato a ser compreendido, no mesmo nível do Caso Isabela Nardoni, ambos mexerem com uma camada social importante, diga-se de passagem, estabelecida; uma pela desestruturação da ordem, e a jornalística é intocável, se essa onda pegasse, os âncoras da TV globo estariam marcados; a outra pela manutenção da família ou seja a moral e os bons costumes devem permanecer, independente de qualquer louco que queira desrespeitar essa resolução.
Não é o crime em si que tem que comover a população brasileira, mas o fato de se constituir num elemento novo, capaz de modificar valores sociais culturalmente construídos.

Mas, o espetáculo continua... O quebra-cabeça foi se constituindo e o público foi se oportunizando, por aqueles que pretendiam ter seus cinco minutos de fama, pelos que pensaram em tirar lucro da trágica situação, pelos que falsificaram, inclusive a sua realidade para justificar a palhaçada fomentada frente às câmeras, os que deram seus recados...convenientemente, os que estavam na simulação do crime, como espectadores ou como expectadores, também simulavam a sua verdade.

Como diz Debord: A "nova realidade" não é nem contemplativa nem objetiva; ela é "falsificação do real(...) "O espetáculo tem os meios de falsificar tanto a produção quanto a percepção.”
“Os meios de comunicação de massa - diz o autor - são apenas a manifestação superficial mais esmagadora da sociedade do espetáculo, que faz do indivíduo um ser infeliz, anônimo e solitário em meio à massa de consumidores".

“O espetáculo se constitui a realidade e a realidade o espetáculo. Já não se tem um limite definido para as coisas.”
Onde começa uma e termina a outra quem diz é a publicidade, o termômetro que valora a notícia, o produto, a imagem. Muitas vezes essa realidade é toscamente confundida... A vida das pessoas está muito exposta, com essa tecnologia invadindo os lares, ficamos diante de um conglomerado de informações desimportantes que vão se acumulando como o lixo do mundo até quando chegar o dia em que não teremos mais espaço para amontoá-los.

Até porque tudo vira lixo: informações, conhecimentos, matérias, natureza, e até pessoas são tratadas como detritos, como é o caso da Isabela que foi despejada pela janela, como coisa que se joga fora, porque não serve mais... “Não se atira uma criança pela Janela...” Disse a doutora Threza Pena Pirme aos professores de Pedras de Fogo-PB. Criança não é objeto que se tem até o dia em que passa a ser um estorvo...muito pela contrário ela é para sempre... pois o que fica dessa vida são apenas os sentimentos que alimentamos uns pelos outros, sejam de nossa família ou não.

Precisamos aprender a envelhecer com nossos filhos, nossos jovens, nossos(as) avós, nossos animais, porque o amor se fortalece na convivência, na interação e ai, inadvertidamente, as pessoas jogam o seu cão na rua ...Como se ele não nutrisse nenhum sentimento pelo seu dono ...Joga sua filha pela janela; sua mãe num asilo, ignorando-a enquanto “ser” que gerou a sua própria família. Aí, faltam as considerações, o respeito, a educação doméstica, as orientações da família, no seu sentido mais completo, da escola, e até da igreja...

Digo até, porque antigamente as pessoas tinham o paradigma: Deus. Temiam os castigos divinos, as crianças iam à Igreja aprender os dez mandamentos... Hoje em dia há um certo distanciamento desse referencial que de uma forma ou de outra servia como parâmetro social...Mas isso é uma historia ambígua, até porque a “Igreja” também fez mau uso do nome de Deus, acarretando muitos descalabros na vida social da Idade Média e Moderna respectivamente.

Mas, hoje a tecnologia vem substituindo o homem, a afetividade, o sentimento, os sentidos como: o olhar, o cheiro, o toque, a presença viva, real... O enclausuramento, seqüela do alto índice de violência, cria uma inquietação nas pessoas, ficamos sem um paradigma mais humanitário. E, sem modelo para seguirmos, bem ou mal, nosso destino nessa nave terra, ficamos a deriva.

E o espetáculo continua... O casal Nardoni, não se intimidou diante da justiça, o que fatalmente não ocorreria com pessoas das classes subalternas, e mesmo sendo presos eles negam ter acometido o crime contra pequenina Isabela. Mas era preciso comover a população, para que o caso ganhasse fama, mesmo com esse glamour internacional os telejornais acreditam que o episódio entrará na fila dos milhares de casos a serem analisados pela justiça. Porém, não é pela ordem (seqüência) que se dá prioridade, mas pela importância. É o caso de elucidar: “a justiça falha, mas não tarda”.

Isabela Nardoni, será mais um caso que cairá no esquecimento do publico e da justiça, como o foi o da atriz Daniela Perez (personagem Yasmin na novela de Gloria Perez, “ De Corpo e Alma)em 1992, que enleada ao mundo real foi assassinada a facadas, pelo brutamontes Guilherme de Pádua ( Bira, personagem da novela) homem alucinado, sem discernimento para separar o real do virtual mistura-se com o personagem e consegue ser odiado pela nação.

O assassinato de Daniela Perez, da maneira bárbara, transforma-se num espetáculo, comparado ao de Isabela Nardoni em que a mídia comove o publico através de sensacionalismos.
Debord em sociedade do espetáculo, diz que “os meios de comunicação de massa criam (...) uma realidade própria para que a sociedade se solidarize e crie novos critérios de julgamento e justiça conforme os seus conceitos manipuladores.”

Essa manipulação de opiniões faz com que a população, sem refletir, faça justiça antes da hora e/ou com as próprias mãos.
Casos como esses, com celebridades e pessoas de classe social abastada são os mais difundidos no meio televisivo. E de forma especial pela Rede Globo.

"Debord diz que o espetáculo consiste na multiplicação de ícones e imagens, principalmente através dos meios de comunicação de massa, mas também dos rituais políticos, religiosos e hábitos de consumo, de tudo aquilo que falta à vida real do homem comum: celebridades, atores, políticos, personalidades, gurus, mensagens publicitárias - tudo transmite uma sensação de permanente aventura, felicidade, grandiosidade e ousadia.”

Longe de protagonizar o grande filosofo Platão, e diante de um mundo sem saída, passo a crer que vivemos numa caverna e, sendo o lugar mais seguro, só sairemos dela para uma outra menos segura ainda, porque o desconhecido amedronta, mas precisamos nos desprender das ramas alienantes, que nos restringe a um espaço circunscrito. A terra tornou-se pequena demais para o ser humano. E nós somos protagonistas de nós mesmos.

O caso acabou, mas o espetáculo continua...

terça-feira, 20 de maio de 2008

Transdisciplinaridade na revista Nova Escola, muito bom viu!



Conhecimento Total

A transdisciplinaridade é vista como o caminho para dominar os saberes que se acumulam de forma cada vez mais vertiginosa

Esta entrevista foi realizada pela jornalista Paola Gentile
A palavra é comprida e difícil de ser pronunciada. Os dicionários ainda não a registram, razão pela qual muita gente pensa que ela não passa de um modismo, sujeito a desaparecer com o tempo. Transdisciplinaridade, porém, é um conceito que surgiu há algumas décadas. Jean Piaget o utilizava para referir-se a um estágio superior das relações entre as disciplinas na escola. Em 1994, uma nova abordagem surgiu, com um manifesto redigido pelos pesquisadores Lima de Freitas, Edgar Morin e Basarab Nicolescu. No texto, eles propõem o diálogo das diversas ciências com a arte, a literatura, a poesia e a experiência interior do ser humano.
Desde então, profissionais das mais diversas áreas têm se debruçado sobre o termo. Em educação, ele é visto como um caminho viável para a construção do conhecimento global, numa época em que os saberes surgem e se acumulam de forma vertiginosa, mas não garantem o crescimento pessoal e a incorporação de valores. No Brasil, Paulo Afonso Ronca é um dos nomes que se destacam no estudo da transdisciplinaridade. Doutor em Psicologia Educacional, ele dirige o Instituto Esplan. Nesta entrevista, concedida por e-mail à editora Paola Gentile, ele nos ajuda a entender um pouco mais sobre o tema.
NOVA ESCOLA> Quando o conceito de transdisciplinaridade foi usado pela primeira vez?
Paulo Afonso Ronca< O educador suíço Jean Piaget o utilizou nos anos 70 para designar um passo adiante na relação interdisciplinar. Existe na palavra uma singela contradição: o prefixo trans pode sugerir transpassar, passar além, transpor, enxergar através. E disciplina vem mostrar um conjunto de regulamentos destinados a manter uma certa ordem. O trans atravessa a disciplina, dilacera-a, impondo uma outra visão sobre ela mesma. O pensamento transdisciplinar nos leva a buscar o universal, uma nova dimensão, quem sabe a transcendental... Aqui temos espaço para um pensamento tão amplo quanto aberto; tão extenso quanto dilatado.
NE> Como definir, então, essa palavra aparentemente incoerente?
Ronca< Ela é mais que uma teoria. É uma abordagem íntima, uma postura. É estado de espírito, uma espécie de peripécia da mente que precisa ser assimilada e vivida pelos que ensinam, aprendem ou trabalham. É uma habilidade que só se concretiza quando se tece um vínculo sincrônico e contínuo entre os saberes. Cada área do conhecimento tem a sua naturalidade, aquilo que lhe é próprio, mas queremos vivenciar, além disso, o saber como um todo.
NE> No que a transdisciplinaridade pode mudar as práticas de educação?
Ronca< Entre outras, espero que essa consciência faça com que recuperemos o que a percepção fechada das ciências nos tirou: a visão cósmica. Se cada disciplina segue uma metodologia e se cada conhecimento desvenda uma pequenina parte da verdade mais ampla, a transdisciplinaridade busca o que é comum em todos os pensares, o lugar onde todas ciências convergem, para que possamos entender a relação do homem com o mundo.
NE> Como podemos trabalhar esse conceito na escola?
Ronca< Não existem métodos específicos para isso. Mas o primeiro passo é acabar com a grave distância entre as ciências. Acredito que, no futuro, não existirão mais Ciências Humanas, Exatas, Biológicas ou outras, como a computacional. Toda ciência é humana. É feita pelo ser humano e para ele. E, por que não dizer, para além dele! O objetivo dessa postura no educar é o de acolher e compreender o mundo como ele se apresenta, com sua história e suas possibilidades. Um dos imperativos para isso é a unidade de conhecimentos, oferecendo uma percepção mais coesa e compreensiva dos mesmos, visando à construção do futuro. A transdisciplinaridade é o fim da visão individual e mecânica, simplista por nascença. A rigidez imposta na divisão das ciências, a inflexibilidade adotada em aula e a severidade de nossas concepções só levaram ao empobrecimento de idéias e à exclusão social.
NE> Quando os teóricos perceberam as falhas do ensino estanque?
Ronca< Há diversos cientistas preocupados com a questão, escrevendo com arrojo e criatividade. O jovem hoje é atingido por densos estímulos visuais, a noção de tempo e de espaço mudou drasticamente e a iminência de uma guerra bacteriológica contrasta, por exemplo, com as facilidades que nos traz a informática. É obrigatório rever como estamos tratando a construção do conhecimento. Os fenômenos que ocorrem no mundo são tão complexos que não dá mais para tentar ordená-los da forma como estamos acostumados, só fragmentando o saber em diversas ciências e disciplinas.
NE> No entanto, a escola permanece dividida por disciplinas. A quem serve esse tipo de abordagem?
Ronca< Tivemos no Brasil a influência das Aulas Régias dos jesuítas e a presença avassaladora e impertinente do Positivismo no geral. Essa divisão e classificação da ciência só serviu para elitizar a escola. Com isso, tornaram-se elite também aqueles que a procuravam e a vivenciavam. Hierarquizou-se a sociedade. Criou-se um jogo com cartas marcadas.
NE> Fala-se muito em interdisciplinaridade. O que ela tem a ver com a transdisciplinaridade?
Ronca< Interdisciplinaridade é um conceito que contribui para uma outra visão de construção do conhecimento. Não é apenas uma mistura de saberes, mas a possibilidade de transferir métodos de uma disciplina para a outra. Por exemplo, a geometria ajudando na observação de monumentos históricos e artísticos; a dialética, que geralmente é usada na compreensão de fatos históricos, adotada para o entendimento de fenômenos literários; ou a informática auxiliando nas artes e na arquitetura. A interdisciplinaridade não quebra o sistema da divisão do conhecimento em disciplinas. Ela o ultrapassa, mas seu fim último permanece inserido no estudo disciplinar — e dependente deste. No entanto, não acredito que seja o caso de fazer da transdisciplinaridade um novo modismo em educação. Não queremos eliminar conceitos e substituí-los por novos. Disciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, tudo faz parte da construção do conhecimento, da epistemologia e do universo cognitivo íntimo do ser humano.
NE> O senhor sugere então o fim de qualquer tipo de hierarquização?
Ronca< Não só eu como qualquer cientista que queira assumir uma consciência transdisciplinar. A transdisciplinaridade não rejeita, mas reúne as teorias, percebendo nelas o invisível, o ponto que lhes é comum. Recusando fragmentações, ela considera diferentes ângulos da realidade, das ciências e das culturas e os aproxima, num movimento subjetivo de interação, de integração, de intersecção. O físico Goswani fala em interconectividade. O pensamento transdisciplinar escapa das garras do que se convencionou chamar de natureza científica, partindo para novas dimensões filosóficas, ideológicas e políticas, que determinem outros parâmetros para a compreensão do ser humano. Nos últimos séculos, tanto a visão do conhecimento como a atuação no mundo do trabalho foram alicerçadas num ponto de vista piramidal, com sólida base conceitual. O que se erguia a partir dela perdia-se em importância social e econômica ou consideração política. O pensamento transdisciplinar conclama o fim das divisões piramidais — Morin fala em fim da separabilidade. Temos de buscar um denominador comum. Eis a questão!
NE> Que tipo de modificações o senhor sugere na organização do tempo e do espaço escolar?
Ronca< Tanto na educação quanto no mundo do trabalho a transdisciplinaridade pode ajudar educadores e líderes a rever suas posições sobre o ser humano. Na escola, busca-se uma profunda mudança nas relações sociais e políticas lá experimentadas. Uma estrutura que divide o tempo em aulas de 50 minutos e utiliza professores horistas está caduca. A escola precisa aprender a movimentar-se em outros espaços, não fazendo da sala de aula a única passarela em que desfila o mundo do conhecimento. Nós, educadores, necessitamos transgredir as fronteiras entre as disciplinas, mas para isso é preciso haver uma formação humanista, que contemple a Filosofia, tanto na graduação quanto na vivência da sala de aula.
NE> Como uma escola pode organizar seu currículo?
Ronca< O currículo transdisciplinar deve alimentar a idéia de que nenhuma disciplina tem mais valor do que as outras e de que a nossa missão não se esgota na explicação de conteúdos implícitos nelas. Com isso, um currículo transdisciplinar sugere a abertura de nossa mente para que possamos abordar, crítica e simultaneamente, dimensões como ecologia, artes, televisão, tecnologia, política, meditação, guerras, relações de amor e de trabalho...
NE> Como esses conceitos podem ser incorporados à rotina do professor?
Ronca< Pensemos no projeto de uma horta escolar. Imaginemos como educadores e alunos participariam dele. Simultaneamente, todos estariam envolvidos nas discussões sobre medidas de áreas e a arquitetura de sua construção; a qualidade da terra e dos insumos necessários; a escolha e a compra de sementes e a incidência do Sol sobre a plantação. Em seguida, leriam textos sobre a importância de verduras e legumes para o organismo humano; iriam à feira saber o preço dos produtos para calcular o lucro dos produtores e vendedores; levantariam hipóteses sobre a possibilidade de consumo do brasileiro comum. O grupo poderia ainda pesquisar sobre outras civilizações que se valiam desse tipo de horticultura para a alimentação. Como poderia ser representado o desenvolvimento de legumes e vegetais artística, gráfica, musical ou até corporalmente? Haveria experiências com sementes para observação de mutações genéticas e parte das verduras poderia ser colocada em estufas para a comparação do desenvolvimento. Seria necessário até conhecer a polêmica sobre as mudanças climáticas provocadas pela absorção da radiação solar, que diversos países têm discutido. Os alunos regariam a horta, acompanhariam o crescimento das hortaliças e, depois de colhê-las e ensacá-las, iriam até o hospital da região para doá-las. Nesse gesto, vai também um pouco de cada humano que participou desse crescimento e que, agora, sente a experiência da cooperação. O envolvimento de todos em todas essas questões unifica os saberes.
NE> A abordagem de um tema deve, então, ser a mais ampla possível?
Ronca< Trazendo o mundo para dentro da sala de aula, discutindo-o e incorporando-o, e educando com base num pensamento transdisciplinar, tendo o humano como o epicentro de discussões dialéticas, estaremos vivendo a transdisciplinaridade. É assim que vai se manifestar a aurora de um novo e revolucionário conceito de humanismo.

Educação e Transdisciplinaridade, Basarab Nicolescu, Gaston Pineau e outros, 185 págs., Unesco, (0_ _ 61) 321-3525, r. 256, 15 reais
O Pensamento Parece uma Coisa À-Toa..., Paulo Afonso Ronca e Cleide Terzi, 264 págs, Ed. Edesplan, tel. (0_ _11) 3885-0982, 20 reais
Rumo à Nova Transdisciplinaridade, Pierre Weil, Ubiratan D'Ambrosio e Roberto Crema, 176 págs., Summus Editorial, tel. (0_ _11) 3872-3322, 23,90 reais
Transdisciplinaridade, Ubiratan D’Ambrosio, 176 págs, Ed. Palas Athena, tel. (0_ _11) 279-6288, 20 reais

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Minhas Crôncas do Portal Gramame.com

05-04-08 às 09:04h
Toda nudez será bem vestida

Dizem que as mulheres se vestem ou se enfeitam para outras mulheres. Mas ao contrário de Nelson Rodrigues há de se considerar que “ toda nudez será bem vestida”, se levarmos em conta que os homens de nossa sociedade não prestam muita atenção em detalhes femininos exceto as saliências glúteas e os úberes férteis e rijos. Com tanta sensibilidade assim, não era de se esperar que as mulheres trocassem as vestimentas ou se arrumassem para as outras mulheres, pois que, esperavam elas que os homens observassem as diferenças pelos tipos de tecidos, calçados, adereços, cores de esmaltes, penteados ou alisamentos, pinturas de cabelos, maquiagem, alongamentos das saias ou ainda as cores da moda. Essas frivolidades que passam despercebidas muitas vezes pelo pragmatismo dos homens.

Mas o bom gosto, só a quem pertence. Além do mais, como acreditar que com tamanha falta de atenção, aos pormenores femininos, os homens fossem dar conta de que as mulheres estariam de vestido novo ou usado, com cores de tal ou qual tonalidade, até porque dizem também que os homens são meio atrapalhados com as cores, quando não são daltônicos por natureza. Então? Esperar mais não seria possível, porque visivelmente as mulheres se enfeitam para outras, acredito que são o termômetro da beleza presencial, elas medem o grau do encanto de cada uma delas, verificam as deformidades, desaprovam os exageros, contrariam os abusos e enxovalham com a outra, mesmo a outra estando exuberante, as fêmeas avaliam subjetivamente e sempre encontram defeitos nas mais completas e indefectíveis sex-appeal.

A inveja, um dos sete pecados capitais, mora na casa da cobiça. “As mulheres bonitas anseiam a sorte das feias.” Estas que no mais das vezes conseguem conquistar machos lindos, viris e elegantes, não por sorte... Para as bonitas os machos, insensíveis, aos seus olhos, não as trocam pelas feias, mas não apresentam bom gosto, para escolha. Quando a mulher feia namora um homem bonito é sorte dela; Se uma mulher bonita namora um homem bonito é bom gosto; Se um homem feio namora uma mulher bonita, é sorte dele, mas se ambos são feios ainda é mau gosto dele. Que discrepância! Não sejamos hipócritas!

Na verdade essa inveja é uma herança cultural. As estórias infantis contam e, de certa forma, induzem nossas crianças ao preconceito, quando transformam o feio em belo para poder ser apreciado. Todas as Fionas de nossas história, foram mal conduzidas no processo seletivo, e por serem consideradas feias, eram condenadas a viver sós o resto de suas vidas. Na realidade, tidas com bruxas, foram condenadas ao fogo e submetidas as mais perversas truculências, como se feiúra fosse um atributo conseguido pelo seu mau desempenho social. Se fôssemos seguir os axiomas que derrubam as mulheres iríamos construir uma sociedade só de gente aparentemente bonita, sem nos importar com outras qualidades, as que não vêem num pacote endógeno, mas que são frequentemente conquistadas e apreendidas nas interações.

_ Se todas são belas ficarei com qual delas?

_ Em que consiste a diferença? Seria muito chato se fôssemos iguais na beleza.

Mas a tônica aqui em discussão é: Por que será que as mulheres se enfeitam ou se vestem para outras?!

Se no caminho de uma avaliação transcorri para outros campos é porque há holisticidade nesse conhecimento, entretanto iremos buscar a profundidade desse fato nos tempos áureos de nossa civilização. A Grécia, por exemplo, tem um manancial relacionado a mulheres que desafiaram os homens, essa fonte porém nunca secará, pois culturalmente está sendo perpassada para as outras civilizações cujos paradigmas de beleza são outros. É por isso que hoje em dia elas continuam provocantes...

“ As mulheres se vestem para as outras”... Essa pretensão não pode ser considerada um adágio mal elaborado, não é um feito repelido pelos machos, nem uma panacéia sem qualquer valoração, há um sentido cultural, implexo para que toda essa exogenia seja concebida pelos homens sem qualquer analogia com o real.

Enquanto houver mulheres, independentemente dos predicados por elas auferidos, as querelas existirão. Aprendi que crescemos com os conflitos, e depois de resolvê-los, aprendemos a perder, a ganhar, a nos solidarizar, a combater o bom combate e ai, desenvolvemos nossa capacidade de perceber o outro ou a outra, sem que nos cobrem, com aforismos baratos e posições modelares e dogmáticas, que nos fazem esquecer que somos pessoas moldáveis, multáveis, e não dependemos de outras de nós para avaliar nossa capacidade de nos apurar o gosto.

As mulheres no geral sabem que acima de uma trivial avaliação, estão conscientes dos tipos de homens que não querem, muito embora se acerquem de dúvidas, quantos aos tipos que desejam.

As verdadeiras mulheres não precisam de apanágios supérfluos para fisgar os homens de suas vidas. Basta ser original, pois sem apologismos, me convenci de que

“a originalidade não se desoriginaliza, como diz a sabedoria popular. ”

Com esse arremate a mulher não só se vestirá, como terá motivos plausíveis para se despir e ai valerá o adágio rodrigueano: Toda nudez será castigada.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Ressignificando a infância hoje

Mais respeito com os poetas!


Até hoje espero receber aquele livro de Mario de Sá Carneiro, cujo título não vem ao caso, mas a veracidade do que nele está escrito. Poderiam ser cartas, poemas, versos, músicas, crônicas, resenhas... Pouco importa, na realidade o conteúdo supera a forma. Mas quando nos habituamos a ler sem o mínimo de seletividade corremos o risco de nos corromper com idéias sem objetividade, sem critério e de absorvermos conhecimentos voltados para o senso comum. Às vezes ou quase sempre, precisamos desconstruir axiomas do tipo: “poesia é coisa de mulher” para “poesia é coisa de gente”. Os homens e as mulheres da sociedade machista incutiram em nossas mentes convencionalismos que perduram até hoje, mas a nova ordem social pautada na teoria do conhecimento complexo ou pertinente, faz–nos crer que tudo é válido se não nos leva a crenças incondicionais em dogmas, tabus, preconceitos e discriminações.
A sociedade da inclusão rechaça toda dicotomia que separa o conhecimento e as realidades. Portanto uma boneca ou um carrinho são brinquedos infantis. As preferências criadas em torno deles são folclores, que provocam o afastamento dos seres humanos pelas precedências e pelos gêneros.
A sensibilidade é um sentimento que ficou adormecido no homem por civilizações inteiras e a tentativa de amainar a dureza do macho tem tido resistências profundas e justificadas nas influência da teoria evolucionista, em que vence aquele que mais se adapta as mudanças; a lei do mais forte, na qual a esperteza vence o poder e a inteligência; o apadrinhamento vence as normas e as leis. E a lei do toma-lá-dá-cá é tônica incorrigível em meio político.
Assim, enquanto houver o “macho-branco e rico sempre no comando” fica difícil derrubar determinados classísmos.
Da maneira como denuncia, Caetano Veloso anuncia uma mudança e, brincando com as palavras, o compositor canta a destradicionalização implícita na poesia de outro português: “Gosto de roçar a língua na língua de Luis de Camões, gosto de ser e de estar... e quem há de negar que esta lhe é superior...”
“Mudam-se os tempos,mudam-se as vontades;Muda-se o Ser, muda-se a confiança;Todo mundo é composto de mudança,tomando sempre novas qualidades."
A poesia é elemento que transcende fronteiras em busca do belo, do bom e do grande. É fato que burguesia não rima com poesia, e nisso o poeta Cazuza estava certo. Ele só esqueceu de dizer que o ser humano antecede a burguesia e que poetas não precisam pertencer a categorias, pois todos os que são sensíveis exalam beleza, sem castas, sem divisão. A sensibilidade existe em todos e, em algumas pessoas, num lugar remotamente encoberto com folhas raízes e águas. Mas que um dia aflora.
Entendendo assim, talvez você não me diga que poesia é negócio de gay...
E foi através de uma cantora gaúcha que tive o conhecimento da existência de Sá-Carneiro, o poeta suicida filho de burguês e amigo de Fernando Pessoa.
E, não demorou muito para que Adriana Calcanhoto, ainda que lho desse a alcunha de bichinha em seu show, provocando gargalhadas mordazes em todos ali presentes, reconhecesse a musicalidade na poesia de Sá-Carneiro:
“Eu não sou eu nem sou o outro, Sou qualquer coisa de intermédio: Pilar da ponte de tédio Que vai de mim para o Outro.”
A vida é um poema, mais respeito com os poetas!


crônicas do portal Gramame



Quando eu era criança, brincava muito na calçada da Igreja Nossa Senhora do Desterro, mal parava em casa. Ao chegar da escola jogava a bolsa na cama retirava a farda, fatiava um pedaço de pão passava manteiga com um pouco de açúcar e saia correndo, ainda degustando, para me encontrar com os amigos da calçada da Igreja. Era lá onde tudo acontecia; amarelinha, garrafão, barra-bandeira, brincadeiras de roda, senhora dona Cândida, seu rei mandou dizer, circo, imitávamos programas da TV...Meninos e meninas numa grande harmonia sem preconceitos, sem rótulos, sem modelos, sem modas, sem vícios, o único ser que nos apavorava era um senhor apelidado por Bigode de sopa, porém nos amedrontava o seu porte, talvez ele nem fosse tão enorme assim, nós é que éramos pequeninos demais.
A noite íamos dormir muito cedo, nó máximo as vinte e uma horas, mas ainda dava tempo de irmos saltitar na praça Monsenhor Julio Maria, ficávamos a rodopiar pelos canteiros, esperando as vezes que caísse um coração de negro (castanhola) e nem era preciso lavar para saboreá-lo, as ruas não eram sujas, não havia esse amontoado de lixo de hoje em dia.
Acordávamos cedo para irmos a escola estudar. Hoje em dia muitos garotos faltam aulas para trabalhar ou serem explorados, carregando feiras em pesados carros de mão, comprometendo sua estrutura óssea.
O período da menarca em nós garotas, não era motivo para amadurecermos, continuávamos brincando de bonecas; não havia essa ausência de infância que há hoje em dia, onde aos nove anos as meninas já engravidam.
As meninas não usávamos batom nem qualquer outra maquilagem e nossas roupas eram confeccionadas pelas costureiras, com tecido de puro algodão e não com derivados de petróleo como é hoje em dia.
As famílias colocavam suas cadeiras nas calçadas para conversar sem temor, e sem o cuidado de serrem roubadas.
Hoje em dia a sociedade é outra, temos medo dos nossos semelhantes, não dormimos mais de janelas abertas, nem andamos sossegados pela madrugada, hoje em dia somos gradeados enquanto vivem libertos os que nos ofendem. Não temos mais segurança, pois muitos daqueles que deveriam nos proteger, abrigam o mais das vezes os que nos molestam.
Hoje em dia é muito diferente. A algumas décadas passadas, não havia o homem gabiru atrofiado pela inanição, não haviam urubus com fome, nem os lixões da vida, muito menos crianças recém-nascidas abandonadas em sacos de lixo, numa demonstração da banalização do ser e da pouca expressão da vida. A sociedade mudou, para pior, o avanço da tecnologia de ponta não deu espaço para a humanização do seres. E seu processo avassalador leva-nos a cada dia para mais longe de nós mesmos. Transformamos-nos em caricaturas de modelos pós-representados, em clichês de marca menor, estereótipos da mercadologia internacional, ranços da globalização, da vulgarização da existência e da morte.
Hoje em dia mata-se por brincadeira. As pessoas estão desaprendendo a viver. A depressão, o mal do século, acompanhada do problema existencial chamado solidão; a ausência da filosofia, que nos ensinava a pensar, a refletir a respeitar o próximo; a busca desesperada pela conquista do não sei o que; a incansável caça ao ouro preto, o petróleo, a sociedade do espetáculo vê-se ameaçada em transformar-se num cinema vivo.
Hoje em dia a sociedade é outra. Avançamos em tudo e chegamos a culminância do grande projeto que não deu certo: a humanidade. É preciso desconstruir essa concepção e recriar um novo ser humano, arquitetado na mente das crianças enquanto tenras, pois só assim conseguiremos resgatar: o perdão, a verdade, a candura, a beleza, a bondade, a alegria, a esperança , a generosidade e o poder da imaginação desses pequeninos seres, valores que estão sendo substituídos por outros. E para elucidar o que digo,
basta citar a reportagem que ficou marcada na memória dos que assistiram, como a imagem do século XX: uma criança do sertão pernambucano cujo único brinquedo eram pedaços de ossos de animais, e sua imaginação transformava aqueles fragmentos de esqueletos em boizinhos dentro de um pequeno curral. E apesar da pobreza absoluta, ainda havia, a esperança e um sonho na mente daquela criança...
Hoje em dia felizmente, e não obstante as transformações e as degenerações sociais, as criança continuam gostando de brinquedos e das brincadeiras que fugiram do seu imaginário. Você não acredita nisso? Dê um brinquedo a uma criança, e verá.


Tributo as Mulheres


Eu pensei em falar sobre a mulher, mas não com aqueles jargões de todos os anos de comemorações; que lembram as noites marianas, com corações, orações, beijos e abraços... Acho que as mulheres merecem algo muito melhor: O reconhecimento, inclusive pelo homem, de sua luta milenar em busca do direito ao seu espaço nesse mundo que é de todos, mas que, o mais das vezes, lhe é negado. Acho que elas merecem algo mais, além de um simples cartão com os dizeres: parabéns pelo seu dia! Ou um ramalhete com um minúsculo cartão: Parabéns, mamãe, hoje é o seu dia! Num desconhecimento total da história da luta das mulheres em todos os processos de civilização. Inegavelmente, a meu ver, as mulheres dão sentido à existência. Assim, pensei fazer-lhes uma homenagem e dizer da sua luta desde que o mundo é mundo, das suas elevações e das suas quedas, do seu endeusamento e da sua degradação. Falar daquela mulher que nunca calou a voz diante as injustiças; daquela que plantou a primeira semente do perdão; da irreverente mulher que nem a Deus temeu; e promover aquela que deixou uma cidade inteira babando pelo seu amor, pela sua sensualidade.
Queria homenagear as mulheres que tiveram a coragem e desafiaram o despotismo do clero e por isso foram amarradas e queimadas em fogueiras em praças publicas, execradas pelos que, iludidos, acreditaram na verdade absoluta de que eram realmente bruxas. Queria não criticar. Porque seria imprudente condenar a Josefina, pela sua coroação, mas a ocasião lhe favoreceu um título, de Imperatriz da França, aquela coroa papal não lhe fora a melhor idéia de seu irreverente esposo, apesar de ser coroada ela foi desprezada, por não poder dar um herdeiro ao trono. Mas, eu queria lembrar ainda daquelas mulheres que foram quase esquecidas, emergentes do povo: as Marias, as Margaridas e as Rosas, na peleja contra a subordinação, contra a opressão; lembrar também a mulher negra, exemplo de luta contra a discriminação racial, nas manifestações antiapartheid; hoje é dia de relembrar a enfermeira-mor e estender os louvores às demais que arriscam suas vidas para salvar os feridos, sejam eles de guerra ou não.
E como posso esquecer das chinesas e a “rosa de Hiroshima”, as alemães e as judias assassinadas, por mero capricho de um ditador, nas câmaras de gás, e por falar em ditador quero aqui mostrar o meu protesto e somar as fileiras das mulheres da praça de Maio {mães} seqüelas de uma ditadura sem precedente em Buenos Aires. Aproveito para lembrar as mulheres das Ilhas Maldivas, livres da burca que andam com os seios desnudos desfiando o falso pudor da nossa civilização, e, falando em irreverência com é possível não lembrar da Leila Diniz e sua exuberante beleza revolucionária dentro de peças minúsculas que cobriam pequenas partes do seu corpo. E por falar em corpo, lembrei que o fóssil mais completo da espécie Australopithecus consiste em uma mulher, cujo nome é Lucy “Lucy in the Sky with Diamonds” que resistiu milhões de anos na Etiópia. Mas hoje é dia de lembrarmos das extraordinárias mulheres russas que nos traz à memória outras Rosas, a de Luxemburgo, por exemplo, assassinada e jogada ao rio, mas lutando pelo direito de propalar suas idéias contra o capitalismo; e por fim, não poderia deixar de lembrar Simone de Beauvoir, escritora astuciosa, que revela o segundo sexo ao mundo e revoluciona a literatura francesa; existencialista, mas oprimida pela sua inteligência, deixou sua grande contribuição para a emancipação da mulher na sociedade contemporânea.
Diante do exposto, posso até dizer que: Por trás de cada mulher em luta, há sempre uma mão de ferro.
Mas as mulheres nunca devem se deixar vencer pela vontade tirânica.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Novos olhares sobre o mundo

No século XX, o paradigma da racionalidade entra em crise, arrastando consigo uma crise maior, mais genérica, de Estado de razão, de sujeito, de identidade, de valores, de poderes. Essas crises, via de regra, repercutem no sistema educacional e na formação do professor, exigindo deste uma mudança de atitude,e um ensino-aprendizagem com um novo olhar sobre o mundo. Um olhar neutralizado das razões dogmáticas; um olhar crítico, portanto, uma razão crítica; um olhar abrangente, mas não absolutizador; um olhar que vislumbre esse novo sujeito cultural e interativo com o meio e com o objeto do conhecimento; sujeito dialogal, que venha a valorizar e a elucidar as vivências e as práticas do cotidiano em relação direta com a ciência. Tarefa que exigirá desse professor a sua inserção na sociedade do conhecimento, na era da tecnologia e da pós-modernidade, ou seja caminhar em busca dessa nova razão: a transculturalização.
De acordo com MORIN (1998)"A teoria do conhecimento de Descartes dizia que: face a um problema complicado, é preciso dividi-lo em pequenos fragmentos e trabalha-los um após o outro, dessa maneira, foi instituida a separabilidade das ciências, ou seja: para conhcer é preciso separar."Assim as Teorias do conhecimento no final do seculo XIX e durante o século XX, nos mostram a possibilidade da cosntrução do projeto do sujeito moderno, através de um conhecimento circunscrito e fracionado. Contudo nos fins do século XX novos paradigmas rejeitaram a fracionalidade do conhecimento, dentre eles a teoria da complexidade, defendida por Edgar Morin. Essa teoria aponta para uma nova abordagem da compreeensão de mundo e dá um novo sentido a Ação.
Para o filosofo: " a ideia de ordem do universo como produção da perfeição divina, passa a ser descartada, segundo Laplace " a ordem do universo funciona sozinha, é autoconsolidada. A ciência não admitia contradições. Assim a lógica passa a ser o elemento de eliminação de equívocos pelas leis gerais e pela dedução. A teoria da complexidade vem desmascarar a ideia de ordem , da separabilidade e da lógica e, aponta para uma racionalidade (aberta)em que nada está acabado, nada e absoluto e onde o conhecimento é pertinente. Porém "esse conhecimento so se tornará realmente complexo quando a educação torná-lo evidente."(MORIN, 2002,p36).
As teorias do conhecimento, cosntruidas a partir de um novo momento histórico vão acompanhando as mudanças e vão dando suporte epistemológico para a compreensão desse novo sujeito emergenciado e multiculturalizado que se apresenta no cenário mundial. A materialização desse novo sujeito requer de fato, mais estudos e pesquisas para que possamos compreender por quê para alguns, o ideal de sujeito moderno se desfez. Nesse novo cenário ecconômico ( pós-fordista)e multicultural e, diante de um novo modelo de Estado, paulatinamente são extintos os direitos dos cidadãos visando atender as exigências de uma sociedade global, de uma nova fase do capitalismo caracterizada pela internacionalização do capital e pelas inovações tecnológicas, telefonia, rede de computadores, tv a cabo, etc., que contribuem de forma cada vez mais acelerada para o avanço dos conhecimentos e facilitam o trabalho, o tempo, diminuem despesas, encurtam distâncias, mas reduzem a participação de recursos humanos na produção em larga escala. A crescente demanda tecnológica provoca um (des) envolvimento na sociedade do conhecimento da informação e da comunicação, exigindo assim que os indivíduos estejam permanentemente atualizando-se, reciclando-se, inovando-se. E, como consequência cosntata-se a diminuição crescente das possibilidades e das oportumidades, sendo estas cedidas e ocupadas por um número reduzido de pessoas, pertencentes a uma camada social privilegiada que vem dominando de maneira sutil, como uma revolução silenciosa, a produção do conhecimento e dos bens materiais.
É importante se pensar numa saida para esse caos, provocado pelas mudanças tecnologicas comunicacionais, informacionais presentes no seculo XXI.A quem cabe esse encargo? Aos sociológos? Aos filósofos? Aos pedagogos?...É preciso que os sujeitos culturais re-eduquem o olhar, para que possam voltar a contemplar a natureza, valorizando as subjetivações que foram embrutecidas pela modernidade. Educar o novo olhar, não seria ir descobrindo pontos e recantos que o cotidiano e o costume da visão, impediram de ver o novo no velho?
Porém, como re-educar o olhar diante das incertezas provocadas pelas demandas sociais?
E, se as certezas são provisórias, o que dizer das dúvidas?
Essas indagações nos levam a desvendar os elementos contraditórios que permeiam as vivências, os fatos e as normas postas no cotidiano dos sujeitos sociais e que nos fazem acreditar que não há um método puro que norteie o caminho, mas um diálogo eclético entre as ciências- a interação, a interpretação, a integração das ideias, os conceitos e as metodologias, tendo como ponto de partida as incertezas.Será?

Fontes bibliográficas

ARANHA - Maria Letícia de Arruda- Filosofia da Educação. Editora Moderna, São Paulo, 1996.
COCCO,Giuseppe- Nova qualidade do trabalho na era da Informação e Globalização na era do conhecimento( org) Helena MM e Sarita Albagli, R J. Campus, 1999.
MORIN, Edgar, Os sete saberes necessários a educação do futuro 5ª Edição Saõ Paulo Cortez, 2002.
_____________ Textos apresentados - publicação de ensaios THOT da Associação Palas Athenas, São Paulo, 1998.
***
Texto: Maria José Galdino

Conhecimento: a chave para os novos paradigmas


A tecnologia está presente em todos os segmentos sociais e sua inser�o na educa�o se reflete na dinâmica da sociedade e num novo olhar sobre o mundo.
Não podemos fechar os olhos para o passado nem para a educação do futuro, quando reconhecidamnte as pedagogias configuram-se como um instrumento basilar e fomentador das mudanças sociais, que variam em decorrencia das transforma�es sócio-culturais.
O papel do professor do futuro será sempre actual- como o fora antes dos questionamentos sobre o sujeito moderno- aquele que se ajusta a uma pedagogia,representada nos sistemas de domina�o de uma classe burguesa emergente em ascens�o.
A historia da educa�o tem evidenciado as sucessivas mudan�as pedag�gicas imbricadas aos modelos de ordem econ�micas voltado para os valores que conduzem as respectivas sociedades. Assim, a educa�o � v�tima dos erros cometidos pelas gera�es anteriores que acreditaram cegamente numa raz�o que se admitia como " �nica fonte de conhecimento v�lido"desconsiderando toda experi�ncia vivida foram do contexto escolar formal, fora da ci�ncia.
O professor foi se fazendo representante ideol�gica e ingenuamente de um sistema mecanizado, industrializado, hiper-especializado e tecnologizado. E em nome de uma ordem, de um progresso e de uma liberdade foi acreditando, tamb�m num desenvolvimento avassalador, n�o em um conhecimento plural, holistico, transdisciplinar, mas um conhecimento que atendia a um crescimento econ�mico que veio justificar todas as a�es de poderes sobre a natureza e sobre o homem. E em consequ�ncia o resultado dessa cren�a est�o sendo catastr�ficos, pois um macro poder - o capitalismo industrial- tem deixado o globo terrestre num profundo caos, repercutindo na deforma�o crescente dos indiv�duos que contribu�ram e ainda contribuem irreflexivamente para a reproduo dos valores dominantes. E a escola não está isenta disso.
O professor teve a sua participa�o no processo degenerativo da desconstru�o e da separa�o do conhecimento emp�rico do cientifico quando valorizou o saber cientifizado- matem�tico-compartimentado, experimental e puramente pragm�tico como diz ARANHA(1996p 228) "(...) ignorando o conhecimento emp�rico". Assim as pedagogias serviram como um dos elementos de sustenta�o de um regime pol�tico que se impunha num determinado tempo hist�rico.
A pedagogia instrucionista, tradicional reproduzia um sistema dominante, fruto de uma filosofia positivista e cartesiana que veio dicotomizar o sujeito do objeto; o homem da natureza Alem da supera�o dessas e de outras dicotomias, o professor dever� sentir-se aluno do mundo, aluno de seus alunos,como sujeito aprendiz e aprendente.
O olhar do futuro dever� ser prospectivo. Sendo assim, o papel do professor do futuro ser� o de reverter essa situa�o realizando dentre outras a jun�o entre a teoria e a pr�tica e do ensino e a aprendizagem.
Que caminho ter� que rumar o professor, na busca dos pressupostos epistemol�gicos, sociais e culturais que venham justificar essa nova forma de existir dos sujeitos culturais emergentes?

Maria José Galdino
Mestrado em Educação
UFPB

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