sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Recepção sentido e Ilusão


Com base nas premissas que norteiam a pesquisa sobre o receptor: alguns partem do principio de que o receptor reinterpreta e reelabora as mensagens dos meios, segundo sua vivencia cotidiana e seus valores, sua identidade cultural e características como: idade, sexo, escolaridade, religião, etnia, grupo social...ou seja, segundo as mediações indicadas no modelo adotado.
Outras, enfatizam a recepção como âmbito de produção de sentidos, superando a supremacia dos meios de comunicação e deslocando para o receptor a capacidade de dar significados para os conteúdos midiáticos, segundo sua competência cultural, construída por diversos fatores extra-midiaticos e midiáticos.
Outra noção recorrente é que o processo de recepção não se restringe ao momento de assistir a TV, começando bem antes e terminando bem depois desse ato.

Com base nos pressupostos teóricos apresentados a Recepção é um paradigma que vem sofrendo mudanças para atender as necessidades das sociedades atuais, que por sua vez são geradas pelos meios de comunicação de massa; para isso estudioso da mídia veem criando e reformulando teorias que explicam o comportamento dos receptores, na tentativa de compreender as mudanças que interferem nos processos do desenvolvimento da cultura da sociedade do conhecimento e da informação.

A recepção da TV vem modificando a formação dos jovens e de crianças desde a sua invenção, entretanto a integração das mídias vem suscitando nessa nova geração um modelo de comportamento que se incorpora nas representações televisivas, cinematográficas, imagética de maneira geral.
Comunicação, cultura e política, são eixos que se interligam na teoria da mediação de Martin-Barbero. Assim compreendi, que as instituições, as técnicas e a produção seja ela industrial ou não, numa sociedade como a nossa, tem um ritmo que compreende e atemde a dinâmica produtiva do mercado internacional em constante mudança e cada vez mais acelerado.

A produção precisa de divulgação e esta de uma política que seja convincente acima de tudo a psicologia certa para que os indivíduos se convençam que precisam sair de suas casas para comprar o produto e, ( aqui é onde pára o controle) continuarem comprando e isso as empresas de marketing, reconheçamos, fazem muito bem; a idéia é acreditarmos que estamos comprando ou escolhendo algo que realmente necessitamos. No paradigma da recepção, o mercado cria produtos equivalentes e esses geram as necessidade e, de uma maneira sutil, iludem pelos atrativos da imagem, pela política do convencimento ou psicologia do mercado consumista de cremes que não enrugam e alimentos que rejuvenescem.
Então, a lógica dessa produção está para a recepção como as matrizes estão para a industria na sociedade de consumo, logo não deve chegar a todos, mas àquela camada da sociedade que terá o alcance nesse sentido a democracia é simbólica.
Os patrocinadores (todos) querem exclusividades, nos programas nas novelas, nos filmes, dentro e fora deles. As grandes empresas nacionais e multinacionais, os donos das produções, os que ditam as regras ou seja o poder.

Os produtos são veiculados pelas mídias, ou pelos meios de comunicação com rótulos de: os melhores, os maiores, os excepcionais, o mais perfeito, o mais gostoso, o mais (caro) barato, o que desce redondo, a boa, a nova, a que deixa mais jovem, mais bela, mais lisa, mais macia, mais aveludada, os que deixam mais magros, mais delineados, o mais limpinho, mais refrescante, o mais crocante, mais protegido, o mais seguro, mais branco, o que elimina com maior facilidade, o que faz sumir a dor, as que encaracolam e as que alisam os que lavam colorindo, o serviço mais pontual, a telefonia do futuro, a maior cobertura... Sempre respeitando os padrões sociais...

Na aparência da imagem vendável (embalagem) há uma diferença que imita uma categoria da classe mais abastada, mas não engana na qualidade: o sabor, a textura, o cheiro, o visual, dentre outros atributos, a seletividade são elementos importantes na composição da representação. A idéia é confundir a mente das camadas populares. O jargão “mude para o novo” por um lado desconstrói o ideal de continuidade e destrói valores, construídos socialmente e, por outro lado surgem novas categorias sociais construídas em torno de uma cultura. Como a nova imagem do velho, o discurso sobre cultura popular, a recepção ativa dos novos sujeitos sociais e receptores ,os novos atores sociais, as instituições de socialização como: a família e a escola como lugar de pertencimento...

Tentamos viver em um modelo de sociedade embrionário em que a idéia da cultura transcende o conceito de povo, pois que quando dizemos: “educação para todos”, acesso a todos, esse discurso de democratização dos conhecimentos informacionais, não quer dizer exatamente isso, na verdade, todos significa dizer que muitas crianças, jovens, marginalizados etc., de nossa sociedade, ficarão fora das instituições, longe das categorias de lutas, do poder, longe do mercado consumidor.
As tecnologias da Informação e da comunicação ainda não chegaram a todos. Como falar em tecnodemocracia, onde a educação se imortaliza em papéis e a democracia é tão nova que continua no berço?

transdisciplinaridade

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imagem TransD

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