domingo, 13 de janeiro de 2008

Novos olhares sobre o mundo

No século XX, o paradigma da racionalidade entra em crise, arrastando consigo uma crise maior, mais genérica, de Estado de razão, de sujeito, de identidade, de valores, de poderes. Essas crises, via de regra, repercutem no sistema educacional e na formação do professor, exigindo deste uma mudança de atitude,e um ensino-aprendizagem com um novo olhar sobre o mundo. Um olhar neutralizado das razões dogmáticas; um olhar crítico, portanto, uma razão crítica; um olhar abrangente, mas não absolutizador; um olhar que vislumbre esse novo sujeito cultural e interativo com o meio e com o objeto do conhecimento; sujeito dialogal, que venha a valorizar e a elucidar as vivências e as práticas do cotidiano em relação direta com a ciência. Tarefa que exigirá desse professor a sua inserção na sociedade do conhecimento, na era da tecnologia e da pós-modernidade, ou seja caminhar em busca dessa nova razão: a transculturalização.
De acordo com MORIN (1998)"A teoria do conhecimento de Descartes dizia que: face a um problema complicado, é preciso dividi-lo em pequenos fragmentos e trabalha-los um após o outro, dessa maneira, foi instituida a separabilidade das ciências, ou seja: para conhcer é preciso separar."Assim as Teorias do conhecimento no final do seculo XIX e durante o século XX, nos mostram a possibilidade da cosntrução do projeto do sujeito moderno, através de um conhecimento circunscrito e fracionado. Contudo nos fins do século XX novos paradigmas rejeitaram a fracionalidade do conhecimento, dentre eles a teoria da complexidade, defendida por Edgar Morin. Essa teoria aponta para uma nova abordagem da compreeensão de mundo e dá um novo sentido a Ação.
Para o filosofo: " a ideia de ordem do universo como produção da perfeição divina, passa a ser descartada, segundo Laplace " a ordem do universo funciona sozinha, é autoconsolidada. A ciência não admitia contradições. Assim a lógica passa a ser o elemento de eliminação de equívocos pelas leis gerais e pela dedução. A teoria da complexidade vem desmascarar a ideia de ordem , da separabilidade e da lógica e, aponta para uma racionalidade (aberta)em que nada está acabado, nada e absoluto e onde o conhecimento é pertinente. Porém "esse conhecimento so se tornará realmente complexo quando a educação torná-lo evidente."(MORIN, 2002,p36).
As teorias do conhecimento, cosntruidas a partir de um novo momento histórico vão acompanhando as mudanças e vão dando suporte epistemológico para a compreensão desse novo sujeito emergenciado e multiculturalizado que se apresenta no cenário mundial. A materialização desse novo sujeito requer de fato, mais estudos e pesquisas para que possamos compreender por quê para alguns, o ideal de sujeito moderno se desfez. Nesse novo cenário ecconômico ( pós-fordista)e multicultural e, diante de um novo modelo de Estado, paulatinamente são extintos os direitos dos cidadãos visando atender as exigências de uma sociedade global, de uma nova fase do capitalismo caracterizada pela internacionalização do capital e pelas inovações tecnológicas, telefonia, rede de computadores, tv a cabo, etc., que contribuem de forma cada vez mais acelerada para o avanço dos conhecimentos e facilitam o trabalho, o tempo, diminuem despesas, encurtam distâncias, mas reduzem a participação de recursos humanos na produção em larga escala. A crescente demanda tecnológica provoca um (des) envolvimento na sociedade do conhecimento da informação e da comunicação, exigindo assim que os indivíduos estejam permanentemente atualizando-se, reciclando-se, inovando-se. E, como consequência cosntata-se a diminuição crescente das possibilidades e das oportumidades, sendo estas cedidas e ocupadas por um número reduzido de pessoas, pertencentes a uma camada social privilegiada que vem dominando de maneira sutil, como uma revolução silenciosa, a produção do conhecimento e dos bens materiais.
É importante se pensar numa saida para esse caos, provocado pelas mudanças tecnologicas comunicacionais, informacionais presentes no seculo XXI.A quem cabe esse encargo? Aos sociológos? Aos filósofos? Aos pedagogos?...É preciso que os sujeitos culturais re-eduquem o olhar, para que possam voltar a contemplar a natureza, valorizando as subjetivações que foram embrutecidas pela modernidade. Educar o novo olhar, não seria ir descobrindo pontos e recantos que o cotidiano e o costume da visão, impediram de ver o novo no velho?
Porém, como re-educar o olhar diante das incertezas provocadas pelas demandas sociais?
E, se as certezas são provisórias, o que dizer das dúvidas?
Essas indagações nos levam a desvendar os elementos contraditórios que permeiam as vivências, os fatos e as normas postas no cotidiano dos sujeitos sociais e que nos fazem acreditar que não há um método puro que norteie o caminho, mas um diálogo eclético entre as ciências- a interação, a interpretação, a integração das ideias, os conceitos e as metodologias, tendo como ponto de partida as incertezas.Será?

Fontes bibliográficas

ARANHA - Maria Letícia de Arruda- Filosofia da Educação. Editora Moderna, São Paulo, 1996.
COCCO,Giuseppe- Nova qualidade do trabalho na era da Informação e Globalização na era do conhecimento( org) Helena MM e Sarita Albagli, R J. Campus, 1999.
MORIN, Edgar, Os sete saberes necessários a educação do futuro 5ª Edição Saõ Paulo Cortez, 2002.
_____________ Textos apresentados - publicação de ensaios THOT da Associação Palas Athenas, São Paulo, 1998.
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Texto: Maria José Galdino

Conhecimento: a chave para os novos paradigmas


A tecnologia está presente em todos os segmentos sociais e sua inser�o na educa�o se reflete na dinâmica da sociedade e num novo olhar sobre o mundo.
Não podemos fechar os olhos para o passado nem para a educação do futuro, quando reconhecidamnte as pedagogias configuram-se como um instrumento basilar e fomentador das mudanças sociais, que variam em decorrencia das transforma�es sócio-culturais.
O papel do professor do futuro será sempre actual- como o fora antes dos questionamentos sobre o sujeito moderno- aquele que se ajusta a uma pedagogia,representada nos sistemas de domina�o de uma classe burguesa emergente em ascens�o.
A historia da educa�o tem evidenciado as sucessivas mudan�as pedag�gicas imbricadas aos modelos de ordem econ�micas voltado para os valores que conduzem as respectivas sociedades. Assim, a educa�o � v�tima dos erros cometidos pelas gera�es anteriores que acreditaram cegamente numa raz�o que se admitia como " �nica fonte de conhecimento v�lido"desconsiderando toda experi�ncia vivida foram do contexto escolar formal, fora da ci�ncia.
O professor foi se fazendo representante ideol�gica e ingenuamente de um sistema mecanizado, industrializado, hiper-especializado e tecnologizado. E em nome de uma ordem, de um progresso e de uma liberdade foi acreditando, tamb�m num desenvolvimento avassalador, n�o em um conhecimento plural, holistico, transdisciplinar, mas um conhecimento que atendia a um crescimento econ�mico que veio justificar todas as a�es de poderes sobre a natureza e sobre o homem. E em consequ�ncia o resultado dessa cren�a est�o sendo catastr�ficos, pois um macro poder - o capitalismo industrial- tem deixado o globo terrestre num profundo caos, repercutindo na deforma�o crescente dos indiv�duos que contribu�ram e ainda contribuem irreflexivamente para a reproduo dos valores dominantes. E a escola não está isenta disso.
O professor teve a sua participa�o no processo degenerativo da desconstru�o e da separa�o do conhecimento emp�rico do cientifico quando valorizou o saber cientifizado- matem�tico-compartimentado, experimental e puramente pragm�tico como diz ARANHA(1996p 228) "(...) ignorando o conhecimento emp�rico". Assim as pedagogias serviram como um dos elementos de sustenta�o de um regime pol�tico que se impunha num determinado tempo hist�rico.
A pedagogia instrucionista, tradicional reproduzia um sistema dominante, fruto de uma filosofia positivista e cartesiana que veio dicotomizar o sujeito do objeto; o homem da natureza Alem da supera�o dessas e de outras dicotomias, o professor dever� sentir-se aluno do mundo, aluno de seus alunos,como sujeito aprendiz e aprendente.
O olhar do futuro dever� ser prospectivo. Sendo assim, o papel do professor do futuro ser� o de reverter essa situa�o realizando dentre outras a jun�o entre a teoria e a pr�tica e do ensino e a aprendizagem.
Que caminho ter� que rumar o professor, na busca dos pressupostos epistemol�gicos, sociais e culturais que venham justificar essa nova forma de existir dos sujeitos culturais emergentes?

Maria José Galdino
Mestrado em Educação
UFPB

transdisciplinaridade

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