sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Minhas Crôncas do Portal Gramame.com

18-08-08 às 10:08h

O Escólio

Anotações de encontros e de reuniões são como apêndices de livros, a gente quase nunca ler. Mas, revendo minha pasta do VI Congresso da SAPIENS de 2007, encontrei esse escólio, que escrevi durante a conferência do Professor Dr. Moacir Gadotti , no qual me arrisco a fazer algumas interpolações. O educador apela para uma educação com politicidade, pois acredita que se a sociedade vai bem no transporte, na saúde, na habitação, no emprego... a educação também irá bem. Longe de ser uma escoliasta, minha intenção aqui é divulgar aquilo que considero pertinente para o momento.



É interessante fazer uma releitura:



O mundo atual tem nos apresentado vários desafios e tudo é visto numa abordagem complexa. E preciso pensar numa educação inteirada à outros sistemas.

Precisamos mudar a forma de aprender e de construir conhecimentos e, na atualidade,

o conhecimento é pluralizado é não –linear.

Precisamos também desconstruir o paradigma do pensamento único e eliminar a dicotomia que fragmenta o conhecimento holístico, respeitar a pertinência e pensar na pluralidade de realidades e de razões.



Precisamos mudar a forma de fazer políticas públicas com olhares no século XXI, as políticas publicas dos séculos passados não nos servem mais.

Nossas escolas ainda adotam posturas do século XIX e isso é inaceitável.

Os jovens de hoje têm outras mentalidades, têm outras concepções do que seja um professor e do que sejam conhecimentos.



Precisamos encontrar formas de organizações que não excluam as pessoas mas que cuidem delas; “É preciso saber cuidar” disse Leonardo Boff. “ Vamos cuidar das pessoas” disse João Paulo, atual prefeito de Recife-PE.



Precisamos respeitar a diversidade porque a educação atual vem criando pessoas acéfalas, com valores estranhos à humanidade. Presenciamos acontecimentos que nos deixam boquiabertos, inconcebíveis de aceitá-los como ações de humanos...

Retrocedemos ao século XVIII onde os governantes mandavam enforcar e esquartejar criminosos e traidores, para servir de exemplo, hoje não precisamos mais cometer crimes para sermos decapitados, pois profissionais liberais que juraram salvar vidas e curar pessoas se encarregam dessa truculência, quando não, são adolescente irracionais. Ai, eu costumo dizer que a falta da educação doméstica favorece ao aparecimento de gerações de bárbaros.



Que tipo de sociedade, os governantes pensam para os jovens, em sua grande maioria sem ideais, sem perspectivas, sem esperança e sem sonhos?

Precisamos, portanto mudar a forma de educar e realizar a inclusão social concomitante a inclusão digital.



Precisamos entrar no bom combate à desigualdade de direitos e lutar pela equidade, respeitando as diferenças e não só pensarmos como também fazermos políticas afirmativas e eliminar as discriminações com negros , crianças, idosos, especiais...os marginalizados da sociedade



Tratar igual os desiguais é injusto é preciso respeitar os limites sem depreciar

Precisamos de ações que mudem o mundo opressor

Precisamos mudar os poderes que oprimem

Precisamos fazer uma “ucronia’

O neoliberalismo transformou o mundo num grande mercado onde tudo é medido

e nos reduziu a meros consumidores da produção globalizada;

Ignorou as instituições públicas, os partidos políticos, as associações e os sindicatos.

O neoliberalismo nega o sonho e a utopia, ou seja, não admite que vislumbremos um mundo diferente do estabelecido;

O neoliberalismo não nos admite pensar na ucronia que seria fazer o que ainda não se fez num mundo possível de se viver, fazer diferente com a educação, a saúde, o transporte, a habitação e com o povo.



Os políticos falam muito em mudança, parece até que o que nunca é suficiente ou nunca encontram a forma certa de administrar, mas até agora não justificaram objetivamente essa mudança.



É preciso mostrar o que está por traz da opressão

Precisamos formar cidadãos críticos e não meros reprodutores do sistema de dominação, como se fosse a melhor opção existente.

Precisamos desconstruir essa lógica do imutável, que sustenta a ideologia burguesa desde a acumulação primitiva do capital nos séculos XV e XVI.

Por isso precisamos mudar,

Mudar significa democratizar a educação de qualidade;

Democratizar o conhecimento informacional para que todas as crianças, jovens e adultos tenham acesso público e gratuito.

Mudar significa ainda garantir a formação continuada e em serviços, de professores, para que possam educar com novos olhares entrevendo a auto-sustentabilidade como uma saída para o futuro do cidadão do mundo.



Precisamos reinventar novas formas de poder, novas relações sociais.

Precisamos realizar mudanças e construir novos modelos: econômico- político- social e cultural, para a sobrevivência das categorias oprimidas, uma vez que as novas formas de empregos geram uma sociedade excludente.

Os paradigmas clássicos não têm soluções para os problemas atuais e não têm respostas para as perguntas do século XXI.

Construímos um modelo de civilização que não deu certo, por isso precisamos desconstruir os paradigmas que foram forjados pela sociedade clássica.



Precisamos “mudar o mundo “ disse o Educador Moacir Gadotti, , no VI Congresso da SAPIENS/2007 “não se muda o mundo sem mudar as pessoas”.



E “não é possível mudar o mundo sem tomar o poder.”

sábado, 9 de agosto de 2008

O Menestrel: A alonimia de Verônica

02-07-08 às 18:07h


Há pessoas que criam coisas para nos enganar e Verônica Shoffstall é uma delas. Quando iniciamos a organização da reunião com os diretores, das Escolas Municipais, de Pedras de Fogo-PB, selecionei um vídeo que recebi em uma capacitação do projeto: Formação pela Escola, do governo federal,em Recife no final de 2000.

Preocupada com o conteúdo que iríamos passar aos diretores, resolvi dar mais uma olhada no referido vídeo cujo nome é “O Menestrel.”(poeta medieval...).

Tentando aprofundar o conteúdo do texto fui realizar uma pesquisa sobre Shakespeare e descobri que, em 1971 essa escritora norte-americana escreveu (sic) um poema intitulado “Depois de um tempo,”segundo alguns estudiosos, falseando o texto original de Shakespeare: “Aflter A while.”

Descobri também que, depois de modificado, o referido texto foi usado por um ator chamado Moacir Reis, que valeu-se da alonimia de Verônica para fazer algumas apresentações e criar alguns vídeos.

A escritora não só deu um novo titulo ao texto como criou outra variante distante da realidade da época, atribuindo a sua autoria a William Shakespeare, porém com uma versão mais contemporânea que, de forma bombástica, serviu de propagação entre Internautas.

O falso texto que foi divulgado por vários sites e no You Tube , faz muito sucesso, inclusive quando usado em encontros educacionais,poucos são os que reconhecem a obra como um embuste, com o titulo de “ O Menestrel “ e apesar de ter sido criado pelo autor de Hamlet, Macbeth e Cleopatra., com outra roupagem, o falso texto traz uma filosofia aparente que ajuda a qualquer pessoa a refletir sobre os problemas cotidianos, numa linguagem bem peculiar ao século XXI.

O escrito, realmente, impressiona e o ator Moacir Reis o interpreta como um discurso político filosófico, revendo a personalidade do ser humano e sua mudança de concepção ao deparar-se com o amadurecimento, a partir das experiências vivenciadas no percurso da vida, onde devemos suportar qualquer verdade com resignação.

Não desmerecendo a intenção da autora do falso texto, mas evidenciando a riqueza do maior escritor de todos os tempos que reconhecidamente nos deixou um legado literário de repercussão histórica bastante apreciável.

Quando Harold Bloom escreveu “Sobre Shakespeare, la Invención de lo Humano” suas revelações sobre capacidade literária do autor de Hamlet são reveladoras de uma inteligência ímpar, disse ele:
__” Ningún autor del mundo compite con Shakespeare en la creación aparente de la personalidad, (...) Para catalogar os maiores presentes de Shakespeare é quase absurdo: Onde começar, onde terminar? Escreveu a melhor prosa e a melhor poesia em inglês, ou talvez em toda a língua ocidental. Isto é inseparável de sua força mental; pensou de uma maneira mais inclusiva e mais original do que nenhum outro escritor”.

A partir do estudo aprofundado de Harold pude concluir que a comparação do texto modificado para auto-ajuda à obra shakespereana, chega a ser um pouco burlesco.
Porém, considero positivo o uso da criptonimia para disseminar pensamentos que nos ajudarão no processo de formação de nossa consciência e que farão de nós seres mais humanos.

Mesmo com títulos supostamente falsos e com modificações acintosas, porem atuais e sendo “O menestrel,” “Depois de um tempo”, Aprender ou Aflter A while , vale a pena conferir:


"Um dia você aprende que... realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!"

transdisciplinaridade

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imagem TransD

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