domingo, 25 de janeiro de 2009

Tributo a Manoel Bezerra de Mattos Neto

Matam o homem, mas não os seus sonhos.

A Lei não fala porque se ela falasse e ouvisse a todos com eqüidade, o mundo teria outro olhar sobre sua aplicabilidade.
A justiça não ouve não vê e não fala
O mundo continua gritando, clamando por ela, mas ela não dá ouvidos;
Que mulher é essa que é tão estudada e que muitas vezes não serve para nada?
Fazer justiça com as próprias mãos é uma prática bem ultrapassada, quando ainda não existiam leis de combate ao crime com mais rigor.
Fazer justiça com as próprias mãos?
Muitos cometeram essas atrocidades; a eficácia de uma cabeça encapuzada livra o criminoso, mas não livra sua culpa.
Porque fazer justiça com as próprias mãos é não reconhecer que o homem evoluiu do paleolítico ao tecnológico.
Acontece que algumas cidades ainda vivem no primitivismo e desrespeitam as regras de convívio social: intimidam, ameaçam, reprimem, oprimem, aterrorizam. Há pessoas que são amadas e odiadas, Manoel Matos era uma dessas. Porém ele foi mais amado e isso ficou provado com a multidão que estava lá, no seu velório.E apenas um grupinho bem insipiente o odiava.
Manoel era de uma personalidade forte, um idealista convicto de que pela luta se alcança os objetivos e lutou incansavelmente. Sua vida foi curta, mas com muita intensidade. Deu bom exemplo aos filhos e a sua família. Mas, não teve chance de se defender pelo objeto do seu estudo, as leis . E sub-repticiamente foi assassinado sem ter tido tempo de preparar sua defesa.
A honra faz um homem!
E um grande homem se conhece pelos ideais...Manoel Mattos os tinha entrelaçados com a justiça, a igualdade de direitos, a liberdade de expressão, uma democracia verdadeira e ver seus filhos, bem como os filhos de todas as mães e todos os pais, crescerem sadios e felizes. Mas isso lhe foi podado.
O que faz um capuz além de esconder o rosto dos que querem fazer justiça com as próprias mãos.
As Instituições precisam se reciclar e atuar de maneira mais honesta possível, pois que o mundo pertence a todos e todos têm o direito a um lugar ao sol;
Precisamos pousar um novo olhar sobre o mundo e descobrir através da historia coisas atuais, acontecimentos estarrecedores e assassinatos de homens ilustres e brilhantes que deram o seu sangue pelo seu povo na luta pelos ideais.
E a justiça é cega quando não vê a barbárie, a impunidade, a injustiça, a iniqüidade.
E continua justa.
È difícil, mas ainda é possível um mundo possível de se viver: Um mundo utópico, ucrônico...
Manoel estará vivo no inconsciente coletivo.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

“O olho espanta-me”

“A seleção Natural é cega” (sic) Dr. Jacques Monod, assim como o é o acaso. “Só enxergamos bem com o coração o essencial é invisível aos olhos - Grafou Antoine de Saint-Exupéry - em sua fábula, “o pequeno príncipe”(1943), essa frase foi linda no mundo inteiro; Darwin na sua autobiografia escreveu: “O olho espanta-me.” Logo ele, pai do Evolucionismo! Mas não me surpreendo com tal colocação, porque "os descendentes dos “circuncidados” continuam gerando filhos com prepúcio, apesar desse fenômeno ocorrer há mais de 3 mil anos," o que presenciamos é uma espécie de seleção, pela Lei natural dos homens, visivelmente tida como um ritual celebrado entre hebreus.
Quanto à explicação não deixada sobre o que intriga no olho dos seres, pelo defensor da seleção natural, a ciência moderna atesta a existência de fotorreceptores distribuídos na cavidade ocular ligados ao nervo ótico, que nos dão a sensação de capturar imagens. E como disse Domenico Ravalico, “esses fotorreceptores estão presentes em todos os seres vivos que se movimentam em busca do alimento para a sua sobrevivência na terra.”
Porém, enxerga-se com tudo o que há de sensível: pele, músculo e cavidade ocular... Até os seres mais abissais possuem sensibilidade para enxergar e se proteger do mal e/ou se aconchegar ao bem ao bom, quando for o caso ou o acaso.
Grandes homens da historia da humanidade questionaram o olhar. Leonardo da Vinci criou o mistério de Gioconda, e vem dele o axioma “os olhos são a janela da alma...”; A clarividência, a terceira visão ou terceiro olho se fará visível magia elemental, diante daquele que tiver o poder de enxergar; quando estamos apaixonados dizem que nossos olhos brilham; quando tristes viram olhos de peixe morto; Narciso se apaixonou por si quando se viu refletido no lago; os olhos também são “o espelho do mundo”já dizia o criador de Monalisa, mas não precisamos ter exatamente olhos para enxergar. Shopenhauer nos fala de um corpo tornado visível sob uma determinada ótica.
Mas, nem tudo que enxergamos como verdadeiro é real. Há aqueles que enxergam por nós: institucionalizam o olhar, ampliam nossos horizontes visuais e dominam nosso intelecto, nos ideologizam na perspectiva da alienação da imagem ideal. “Nem tudo o que parece ser o é.”
Não precisamos ter olhos para enxergar, talvez seja por isso que o espanto de Darwin necessite de uma explicação científica, ou seja, exija um novo olhar no interior da visão de quem não o possui.
Olhar nem sempre é enxergar. Thomas H. Huxley (biólogo britânico), século XIX, certamente ficaria admirado com o Projeto ARGUS que aposta na evolução de seres em outras dimensões, porém, diante da sua grandiosidade, ainda não se compara ao ADN (Acido desoxirribonucléico ) descoberto em meados do século xx, através de um raio x, por cientistas da época; e com toda certeza, o mundo está fascinado com a miniaturização dos chip’s, com a potência do olhar dos GPS, olhar cego que se remete a localização espaciais de imagens por satélites, através dos quais hoje podemos ver o quase impossível. Assim como as Telecâmeras que nos vêm, mas são absolutamente cegas, com cega é a “força” da vontade de viver, na visão de do autor de “o mundo como forma de representação.”
Numa perspectiva freudiana há um amor cego e que ao mesmo tempo cega. Jane Japiassu revela esse estágio, adaptado por mim para o cabimento neste texto, quando reescreve a historia de Afrodite e Psiquê: Em seu conto poético Afrodite inventa o sentimento de posse, pelo fato de ser egoísta. A posse que deixa o amor enfraquecido e que no século XIX infernizou os pacientes de Dr. Freud.
Conta a lenda que Eros pretendia ficar com o amor das duas, (Afrodite e Psiquê) assim ele seria o inventor do amor segredado, escondido, indefinido, simulado, camuflado dentre outros adjetivos.
Porém Psiquê vinha aceitando o amor sombrio de Eros, nas caladas da noite recebia o pouco e dava de tudo. Eis que um dia, depois de muitos outros, Psiquê cansou da mesmice e da hipocrisia de Eros, decidiu enxergar o que estava à sua frente, mas que não admitia; decidiu “ver” e por outro olhar sobre Eros, que nem largava a outra nem a assumia socialmente.
Assim uma noite enquanto Eros dormia, ao acender uma vela, o foco iluminando seu corpo, fez Psiquê enxergá-lo com outros fotorreceptores. {grifo meu} Percebeu sua submissão; entendeu que Eros não iria abdicar do amor de Afrodite, por covardia e por medo de ser feliz. E, tendo essa compreensão, Psiquê o abandona para sempre.
A sua vontade de viver e ser livre era mais cega que o seu amor por Eros. Quanto a Eros, a platonicidade de um amor nutrido pela própria mãe é de se perfurar os olhos, logo, seus fotorreceptores não enxergaram a realidade real. Finalmente, Eros e Afrodite seguiram ofuscados.
O olho espanta-me! Disse Darwin no século XIX. Na sua época não poderia dizer diferente. Um século depois da criação da teoria evolucionista, 1977 precisamente, as Edições Paulinas - Editora Católica - lança um livro cujo título é: “a criação não é um mito” onde o autor Domenico Rivalico nos faz perceber que hoje em dia o olho é completamente cognoscível.
Aproveitando o espanto de Darwin e o estudo do autor do livro, fiz a seguinte analogia: Muitas vezes somos comparáveis a seres deprimentes, solitários, peçonhentos, nocivos, a vermes que se movimentam em lugares asquerosos da terra; seres traiçoeiros, como as piranhas que devoram o boi e que apenas atravessa o rio para beber água.
Outras vezes nos assemelhamos a seres unicelulares, como a minhoca, que não tem olhos, mas enxergam, assim como nós humanos ela possui milhões de células vivas e fios condutores que permitem a sua locomoção na umidade dos terrenos e de subterrâneos; Somos comparados a seres que vivem da ponta de um filamento fotossensível e não podem entrar em contato direto com a luz solar, sob pena de não poderem mais se alimentar; seres que vivem por um fio como a Euglena.
Somos também associados a moluscos seres sem luz, mas de luz como a concha de Pecten e suas dezesseis pérolas com dezesseis lentes, são olhos com retina e nervo ótico que levam mensagem ao sistema nervoso e por isso percebe a luz.
Somos comparáveis a insetos, a uma mosca, por exemplo, com os seus fotorreceptores em forma de mosaicos.
Do nosso ancestral herdamos além de tudo os olhos. Dos olhos do antropóide sai um fio condutor que é um nervo ótico que lhe dá a visão completa das imagens, associados a uma telecâmera de TV
Temos olhos de escorpião com raios luminosos e côncavos recobertos por células vivas, se não ficarmos atentos seremos atraiçoados;
Somos semelhantes também aos contraditórios seres abissais, que não necessitam só da luz própria do seu olhar, mas de verdadeiros faróis sobre os olhos para poder enxergar e que, mesmo nas profundezas dos oceanos, se escondem nas trevas e apagam os faróis, sem os quais seriam cegos. Assim somos nós às vezes para enxergarmos o óbvio precisamos de faróis. Muitas vezes nos fechamos na ignorância de nossas trevas para não ter que enxergar a verdade insofismável.
Darwin tinha razão. É que mesmo depois de toda descoberta da ciência sobre o olho, o olhar ainda intriga...

transdisciplinaridade

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imagem TransD

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